Sobre o culto e atividades religiosas frente a expansão do Coronavírus (Covid — 19) “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”(Lc 10, 33-34)
Aos amados membros do clero e fiéis da Diocese de Santo André: paz e bênçãos de Deus!
Diante das solicitações de orientação que chegam a nós, apesar te já termos emitido um comunicado em 6/3/2020; Sendo nosso dever orientar o clero e os fiéis sobre a grave situação que vivemos com relação ao culto e atividades religiosas, determinamos os seguintes práticas e recomendações:
- A situação é grave. E nosso dever como cidadãos e cristãos, valorizar e cuidar da vida a exemplo de nosso mestre e Senhor Jesus Cristo (Jo 10,10). Por isso nossa Igreja está próxima, compartilha a preocupação da sociedade e o sofrimento dos irmãos atingidos por esta epidemia. Que todos os sacerdotes permaneçam em seus postos, demonstrando o amor a Deus e a solidariedade com nosso povo neste momento de preocupação e sacrifício para todos, em especial os mais vulneráveis. O Bispo Diocesano está sempre à disposição para servir em nome de Jesus.
- Que todo o clero e fiéis se empenhem em colaborar com os esforços das autoridades sanitárias, nas determinações para evitar a expansão da epidemia. Que se coloquem em prática as instruções amplamente divulgadas no sentido de se evitar o contágio (lavar as mãos várias vezes ao dia, cobrir a boca ao espirrar ou tossir, evitar aperto de mão e mãos dadas, abraços e grandes aglomerações — aliás, o que não se alertou durante o carnaval quando a doença já se alastrava). Nossa Diocese se dispõe levar a efeito o que as competentes autoridades civis determinarem, em referência à organização e se necessário, à suspensão de eventos e encontros que possam representar risco à saúde.
- Não vamos fechar as igrejas e nem cancelar o culto nelas normalmente programados para serem celebrados, para que as pessoas não se sintam sozinhas, isoladas ou abandonadas por Deus: “É preciso que todos tenham fé e esperança e o essencial é confiar em Deus” (Santa Dulce dos Pobres). Leve-se em conta que o medo irracional baixa a imunidade. Recomendamos que se reze fervorosamente para que Deus afaste de nós esta calamidade. Ela não é enviada por Ele, mas permitida, para que nos convertamos de nossa soberba e desmando na organização dos recursos da criação, os quais a humanidade vem dilapidando ao longo dos séculos, visando mais o lucro que a vida humana, cometendo crimes ecológicos.
- Cada pessoa fique responsável segundo sua consciência de dirigir-se ou não ao local do culto, às igrejas onde são celebradas as missas. Não é somente ir à igreja que representa risco, mas toda aglomeração excessiva, em especial nas quais não se observam as normas recomendadas para evitar o contágio. A liberdade de culto e a liberdade de ir e vir, segundo a consciência de cada um, permanecem assim como o alerta à prudência e cuidado em prevenir o pior. Se houver um agravamento da situação, a Igreja está pronta a adotar medidas mais drásticas neste quesito, mas no momento julgamos ser suficientes as que aqui são indicadas.
- Na parte de organizar as celebrações em cada comunidade, confiamos no sábio e prudente discernimento de cada sacerdote que, estando a postos junto com nosso povo neste momento doloroso, com toda responsabilidade, ouvindo o Conselho de Pastoral de cada paróquia e a própria consciência, a qual responderá diante de Deus, tome as decisões cabíveis em cada circunstância particular, após levar em conta as orientações emanadas da Diocese. Recordamos que todos os fiéis tem o direito de receberem as atenções pastorais da Igreja neste momento difícil. Que não aconteça de serem levados em casa no sistema Delivery, a comida, a pizza e não a santa Comunhão Eucarística aos doentes. E muito menos que não suceda, após passar esta crise, que alguém diga: “não frequentarei uma Igreja que me abandonou na dificuldade”
- Recomendamos que as celebrações das santas missas tenham curta duração. Se multipliquem-se os horários para que se evite grande aglomeração. Abreviem-se os cânticos, a homilia, os avisos e tudo o que não seja essencial nas celebrações tanto das missas como dos demais sacramentos. Recordem-se todos que a Igreja não deve em última análise visar somente o bem físico e comum, mas sobretudo o bem precioso da fé e sua manifestação espiritual. Assim, dá testemunho que o ser humano não é somente corpo, mas é também espírito cujo fim último é Deus por toda eternidade. A salvação das almas é a lei suprema da Igreja (cf. CDC cân 1752).
- Aos que não puderem participar das celebrações nas igrejas, recordamos que o templo de Deus é Cristo Jesus e a Igreja é seu corpo místico, formado de pedras vivas que são os fiéis. Jesus disse: onde dois ou mais estão reunidos em meu nome eu estou no meio deles (Mt 18,20). Intensifiquemos portanto as orações em família, nas casas que são “igrejas domésticas”, e que se transmitam as santas missas pelas redes sociais através da PASCOM de cada paróquia. Sobretudo que as missas televisionadas sejam momento de união entre os fiéis. Usemos a criatividade para nos mantermos unidos, mesmo que não possam participar nas igrejas. É doloroso não poder se reunir, mas a união espiritual e solidária é também prática da fé.
Finalmente, que todos os fiéis estejam unidos na oração, jejum e esmola, na súplica humilde para Deus nos livrar do pior. Só Deus tem a ciência, o poder e a glória acima de toda medicina e tecnologia. Que o Espírito Santo inspire e fortaleça os médicos e agentes da saúde, os quais se desdobram neste momento para atender os doentes. Rezemos e sejamos solidários com os contaminados. Rezemos também pelas vítimas e suas famílias enlutadas. Que nosso compromisso seja sempre com a vida, dom de Deus como ensinou Jesus em nome do qual abençoo a todos.
Esta Nota foi lida na reunião do Conselho Diocesano de Pastoral reunido dia 14 de março de 2020, estando todos de acordo. Santo André, 14 de março de 2020